RSSA Advogados lidera o processo de recuperação da maior maternidade do interior paulista
Crise econômica e pandemia de Covid-19 são alguns dos fatores que agravaram a situação financeira do Hospital Maternidade de Campinas, instituição de saúde centenária que está em regime de recuperação judicial desde setembro e promove campanhas de doação, além de mudanças administrativas, na tentativa de manter seus serviços.
“A medida foi necessária para que o hospital mantenha os empregos dos seus 959 funcionários e 552 médicos e garanta a continuidade da excelência do atendimento médico-hospitalar que há 109 anos presta à população de Campinas e região”, manifesta a unidade, em nota oficial.
Com a decisão judicial, a Maternidade de Campinas ganha fôlego financeiro para saldar as dívidas com os fornecedores e instituições bancárias, principalmente, que somam R$ 80 milhões, mediante prazos e condições especiais. Em sua história, o hospital, que é filantrópico, foi o responsável por trazer ao mundo mais de meio milhão de bebês.
“A Maternidade ajuizou um processo para equalizar as suas dívidas. Esta medida permitirá a manutenção das nossas atividades e o devido planejamento para lidar com o endividamento. Os atendimentos não sofrerão qualquer alteração e permanecem sendo realizados normalmente. Não haverá impacto para os profissionais”, afirma o presidente da instituição, Marcos Miele.
Segundo Miele, a atual diretoria, que assumiu em fevereiro de 2021, reestruturou o modelo organizacional, com a mudança da Administração e com a contratação de assessoria jurídica e financeira especializadas em crise. “O hospital tem trabalhado em reduções, melhorias de processos de trabalho e maior informatização e alongamento das dívidas, entre outras medidas necessárias.”
O presidente reforça que toda a diretoria do hospital é voluntária, ou seja, não recebe salários para administrar a instituição e mais de 200 médicos associados contribuem mensalmente para ajudar o hospital. Em outubro, a instituição iniciou, campanhas junto à comunidade para estimular a sociedade a ajudar. A primeira ação foi a apresentação de uma peça teatral no aniversário do hospital no teatro Oficina do Estudante, com o objetivo de arrecadar fundos, em 12 de outubro.
Outra iniciativa é a campanha “Campinas nasce aqui”, em andamento, cujo objetivo é despertar a memória afetiva de quem nasceu na Maternidade de Campinas. Parte da campanha está sendo realizada no piso 1 do Shopping Iguatemi Campinas com uma exposição de fotos e a venda de produtos.
Histórico
Nos últimos anos, segundo o hospital, houve significativa mudança na pirâmide etária brasileira, com expressiva queda da taxa de natalidade, o que ocasionou fechamento de muitas maternidades e de unidades de terapia intensiva neonatais, reduzindo o número de leitos disponíveis para a saúde materno-infantil.
“Infelizmente, o segmento da saúde é subfinanciado, por não ter a autonomia de precificar a venda dos seus serviços, tendo que acatar aos valores de reajuste das tabelas vigentes dos tomadores de serviços, tanto públicos quanto privados, acumulando déficits, anualmente. Nos últimos cinco anos, a inflação acumulada fez com que o Real perdesse cerca de 30% do poder de compra. No entanto, as tecnologias em Saúde são norteadas por moedas estrangeiras, que tiveram alta desenfreada também nos últimos anos, contribuindo para que a inflação acumulada específica do seguimento do setor fosse superior a ela”, alega Miele.
Além do cenário econômico, o médico lembra que a pandemia da Covid-19 trouxe a alta nos preços de insumos básicos para as instituições hospitalares e, mesmo agora, os preços não retornaram ao patamar anterior. Acresce-se a isso, a queda na receita em razão da redução nos atendimentos eletivos, também reflexo da covid-19.
“Por se tratar de um prédio antigo, existe a necessidade de reformas e adequações continuamente, visando não somente o cumprimento das legislações, mas também a segurança e conforto dos pacientes. Com o intuito de reduzir o déficit, através do aumento de recursos financeiros, a Instituição fez investimentos de alto valor em reformas.”
Estrutura
O hospital possui 234 leitos, sendo responsável por mais de 50% dos nascimentos de Campinas e de 40% dos nascimentos da região metropolitana, que correspondem a quase 10 mil partos por ano. Destes nascimentos, mais de 60% são pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A Instituição possui 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e 22 leitos de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), sendo que 60% desses leitos são destinados ao atendimento público e possuem alta taxa de ocupação.C